«O simbolismo oferece-se em silêncio
àqueles cujos olhos do coração
estão abertos»
André Pothier
A simbólica designa, por um lado, o conjunto das relações e das interpretações que se referem a um símbolo; por outro lado, o conjunto dos símbolos característicos de uma tradição; por último, a arte de interpretar os símbolos.
Existe um sistema de relações, de equivalências entre todas as coisas; cada parte que vemos pode ser considerada como um resumo de tudo.
O símbolo permite a transmissão da mensagem, veicula o elemento central da ideia, para além das diferenças de cultura e de civilização; é intemporal.
Os símbolos constituem a linguagem natural dos principais mitos da humanidade, sejam eles primordiais ou históricos, explicam e integram uma concepção global do cosmos através da simbólica perfeita entre o universo físico e uma estrutura espiritual.
Os símbolos não são simples imagens, não são entidades abstractas, mas sim uma lei profunda que exerce o seu poder sobre a natureza interior do ser humano.
A procura da verdade pela via da linguagem dos símbolos é a própria essência da Maçonaria.
Eles reúnem todos os homens independentemente das diferenças sócio culturais à volta de um trabalho individual e colectivo. Trabalho este que permite a cada um procurar o que está para além do visível, o que é transcendente.
Torna-se assim imperioso ultrapassar esta barreira, sempre movidos pela profunda vontade de descobrir a própria essência das coisas terrestres e cósmicas, para atingir a verdade e a verdadeira Luz.
O símbolo ajuda à reflexão, permitindo a cada um seguir a sua própria via interior.
Por todas estas razões, os símbolos estão omnipresentes em todos os objectos no Templo, sem dúvida para lembrar aos Irmãos que o trabalho maçónico deve ser um trabalho de todos os dias.
É na passagem do conhecido para o desconhecido, do expresso para o inefável, que o valor do símbolo se afirma. Ele é uma linguagem universal; ele é imagem; ele é pensamento.
A Maçonaria soube melhor do que qualquer outra sociedade iniciática produzir um sincretismo simbólico.
O Valor do Rito
O rito tem uma força operativa; veicula pela sua prática a energia contida no símbolo, transmite a iniciação.
Constitui uma ferramenta da realização interior, na medida em que a sua prática pode marcar a estrutura interior de cada indivíduo.
O rito é a base da iniciação.
Para Guénon, «os ritos são símbolos em acção».
O rito tem por objectivo recolocar o indivíduo na via primordial, de o fazer reencontrar alguns marcos de um autêntico caminhar interior.
É no ritual que os ritos se concretizam, nas sucessivas práticas gestuais.
O Congresso de Lausanne (22 Setembro 1875) define para o rito o seguinte:
– «A ordem maçónica é partilhada em diferentes ritos, reconhecidos e aprovados, que apesar de diversos são oriundos da mesma fonte e tendem para o mesmo objectivo».
– «Seja de que rito reconhecido for, um maçon é irmão de todos os maçons do globo».
– «Cada rito tem a sua autoridade reguladora e a sua hierarquia».
– «Cada rito reconhecido é perfeitamente distinto e independente. Os actos administrativos que emanam das chefias só são obrigatórios para os maçons da sua obediência».
Se é certo que o ritual não tem carácter imutável na medida em que as suas formas exteriores se adaptam às épocas e às culturas, pelo contrário, o seu espírito e os símbolos que veicula são rigorosamente intangíveis.
Em cada rito existe um ritual preciso para cada grau. Na Maçonaria feminina em Portugal, os ritos observados são o Rito Francês e o Rito Escocês Antigo e Aceite.
A multiplicidade dos ritos maçónicos é considerável. Contudo, esta multiplicidade não deve perder de vista a Unidade na Maçonaria que se manifesta sobretudo nos três primeiros graus, que constituem o fundamento sólido e universal sobre o qual repousa a ORDEM.