Desde tempos muito antigos, ninguém sabe desde quando, homens ou mulheres, ou uns e outros em conjunto, juntavam-se em pequenos grupos, organizados hierarquicamente, unidos pela vontade de aumentar e preservar conhecimentos, obecendo a regras e rituais comuns, conforme a respectiva Obediência.
Simbolicamente, cada núcleo passou a designar-se por Loja, obrigatoriamente composta por um mínimo de sete elementos, Mestres, distribuídos por tarefas específicas de orientação dos membros mais novos, Companheiros ou Aprendizes.
Ontem como hoje, da cegueira – a ignorância ou Trevas – , caminhava-se para a Luz, a Sabedoria.
O vocabulário e os rituais actuais radicam em cultos primitivos, passam por práticas iniciáticas do antigo Egipto e das antigas Roma e Grécia para vir a generalizar-se a partir da Idade Média, onde já eram adoptados pelas organizações dos construtores de catedrais, nas Regras dos monjes guerreiros, particularmente dos Cavaleiros Templários, e nas organizações dos antigos Trovadores. Perseguidos pela Igreja de Roma desde os primórdios do cristianismo, os maçons reuniam nas florestas ou no segredo dos Mosteiros, Conventos e Palácios. O seu Saber ancestral, transmitiam-no no segredo das suas reuniões, oralmente ou pelo recurso a uma miríade de símbolos que inseriam nas figuras talhadas na pedra dos monumentos, na sua arquitectura, dimensão e disposição.
Por razões de defesa contra as perseguições que lhes moviam, mas também como meio de salvaguarda de técnicas de que só eles detinham o conhecimento, base do seu sustento e sobrevivência, os Maçons operativos acautelavam-se reunindo em pequenos grupos, as Lojas. Os mais velhos iniciavam os mais novos nas Grandes Artes e orientavam-nos para que soubessem percorrer por si o caminho que levaria cada um ao máximo conhecimento que ao ser humano é permitido atingir.
Diz-se hoje – bebendo no outrora da vida – que a Loja tem uma dimensão peculiar, devendo ter na sua arquitectura e decoração toda a simbologia do antigo Templo de Salomão, mas sendo tão imensa como o Cosmos e a Humanidade, indo do Zenith ao Nadir, que é como quem diz que, tal como o Conhecimento, não tem princípio nem fim. Encima-a a Abóboda Celeste onde se increvem simbólicas constelações. Quando nela pretende entrar, à Aprendiz é ensinado que vem das profundezas da terra e que dá os primeiros passos, numa escada de caracol, subindo para atingir a Luz. Ali como na vida, há-de aprender a contornar obstáculos até pisar o chão sólido da Unidade, o preto e o banco, em quadrados perfeitos. Quando lhe retirarem a venda irá poder ver à sua volta uma multiplicidade de objectos que só o tempo lhe ensinará a ler: é o Sol e a Lua, Colunas, o Delta Luminoso e tantos, tantos outros símbolos ancestrais. Não espanta que lá possa encontrar-se uma Biblía, um Corão ou qualquer outro livro religioso porque a Maçonaria respeita e não distingue credos ou religiões. No chão há-de ver-se um quadro. Nele estarão desenhados vários símbolos. É o Traçado da Loja, a imitação do que se diz que os Povos antigos desenhavam nos grãos da areia ou na terra áspera para imitar o Templo, rapidamente apagado ao menor sinal de perigo.
Quem lá entrar, se lograr a postura humilde dos sábios, levará pacientes anos para perceber que o que há de importante não está naqueles símbolos mas no que eles simbolizam. Chegará. Esse é o grande Segredo da Maçonaria.